Entrevista

Amigas,

Conversei com Priscila Gouveia, do Projeto Afrodite (post anterior), e pedi autorização para postar aqui as respostas das perguntas que fiz a ela. São dúvidas que sempre tive, especialmente a respeito da fisioterapia ginecológica. Priscila foi muito atenciosa. O resultado desse bate-papo via e-mail está aqui. Espero que ajudem vocês também. Grande beijo a todas. E um beijo especial para Priscila.


1) Os exercícios são feitos com o fisioterapeuta ou ele só orienta e a mulher faz em casa?
Os exercícios são realizados em terapia, junto com o fisio, que também orienta os exercícios domiciliares. No vaginismo, é fundamental a paciente se empenhar e seguir na medida do possível, as orientações. Digo na medida do possível porque afastar os grandes e pequenos lábios vaginais durante a higiene íntima, introduzir uma falange do dedo, um OB, parece ser algo tão simples, mas para a mulher vagínica, é algo muito difícil e doloroso psicologicamente.

2) Que tipo de exercício é feito?
Normalmente, dessensibilização. A paciente deita na maca e aos poucos, na medida que a paciente permite e a ansiedade e nervosismos diminuem, o fisio encosta na perna, períneo, tenta afastar grandes e pequenos lábios, encosta na entrada da vagina, objetivando introduzir ao menos dois dedos inteiros no canal vaginal, alongamento da musculatura vaginal. Mas até chegar nesse ponto, são necessárias algumas sessões, mas é claro, cada caso é um caso. Há pacientes com um grau importante de vaginismo e outras, mais leve. Com o tempo, o fisio orienta o uso de próteses penianas, exercícios sexuais com o parceiro, até que ela consiga uma penetração peniana completa, e assim por diante.

3) Que aparelhos ou objetos são usados?
O fisio pode lançar mão de absorventes internos, pode fazer eletroestimulação, e etc, mas não há nada melhor do que suas mãos. O toque é fundamental!

4) Qual é o tempo e a periodicidade das sessões? Qual a duração do tratamento?
A sessão dura cerca de 30min, que deve ser realizada 1 a 2x/sem. O tempo de variação de tratamento depende de cada caso. Algumas pacientes conseguem penetração vaginal em 5 sessões enquanto outras, podem chegar a 30 ou mais. Depende do quão severo é o vaginismo e quais os tabús, preconceitos acerca de sexo e toda a bagagem familiar e pessoal que a paciente trás (vale lembrar que muitas são as vagínicas que, tristemente, passaram por moléstias, abusos e estupros e essa é a origem do vaginismo em muitos casos, e precisa ser avaliado com cautela).

5) Qual o valor (médio)?
No Hospital São Paulo é gratuito, e no consultório, cerca de R$80,00 a R$100,00 a sessão.

6) Como faz a mulher que não consegue introduzir nem o dedo ou o OB?
Vamos trabalhar isso no consultório, e com o tempo, ela conseguirá, com certeza.

7) Como vocês profissionais lidam com o fato de as mulheres se sentirem constrangidas?
Todas as mulheres ficam constrangidas ao ir ao ginecologista. Isso é super normal. A vagínica fica ainda mais: fica tensa, nervosa, chora, e nada melhor do que uma boa conversa e orientação de todas as suas dúvidas para que ela se sinta segura e queira ir para a maca. Em alguns casos, na primeira sessão a paciente está tão nervosa que acaba nem indo para a maca, até que se sinta segura. Entretanto, a vontade de melhorar e superar o vaginismo é tão grande que ela se acalma para que o tratamento possa ser iniciado.

Qualquer dúvida, estou à disposição!
Abraço,
Priscila

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